PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

Caracol da espécie Candidula coudensis à espera do estatuto de conservação

Vale da Couda – Almoster

O caracol endémico português Candidula coudensis foi descoberto na aldeia do Vale da Couda, freguesia de Almoster, por um casal inglês, Geraldine e David Holyoak, no ano de 2008. Na altura, os investigadores começaram a dar os primeiros passos no conhecimento da espécie, analisando as suas características anatómicas distintivas, como a casca e os órgãos sexuais.

Entre 2013 e 2014, uma equipa da Universidade Lusófona, composta por alunos e professores, fez um périplo pela região, com o intuito de analisar a área de habitação do caracol, a sua abundância e os perigos que corre, nomeadamente derivados dos compostos químicos aplicados nas oliveiras ou a construção civil. Foi deste trabalho levado a cabo pela Universidade Lusófona que, no passado mês de dezembro, foi apresentado um estudo que propõe o estatuto de conservação da espécie.

De acordo com a matéria publicada numa revista científica, o Candidula coudensis possui um habitat natural de cerca de 13,5 quilómetros quadrados e uma população estimada entre 110.000 e 311.000 indivíduos, pelo que deverá obter o estatuto de conservação de “pouco preocupante” ou “quase ameaçado”, de acordo com as categorias da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

Na prática, isto significa que a espécie não está imediatamente ameaçada de risco de extinção, mas existe uma vulnerabilidade à qual é necessário estar atento, que é o facto de ter uma área reduzida de ocorrência e, por exemplo, um grande incêndio ocorrido na região poder ter um impacto decisivo.

Ainda assim, é de salientar que o caracol existe numa área que integra a Rede Natura 2000, estabelecida pela União Europeia, e que por isso está sujeita a leis que zelam pela biodiversidade.

Gonçalo Calado, um dos investigadores que coordenou o estudo, afirma que até ao momento o caracol não tinha estatuto de conservação porque a sua descoberta era muito recente, acrescentando que o ensaio agora apresentado será a base da decisão a tomar pela IUCN.

O investigador adiantou ainda que, apesar de o estatuto atribuído pela IUCN “não ser oficial para as autoridades portuguesas, é o primeiro passo para estas estarem de aviso, para quando houver uma revisão da Lista Vermelha das espécies portuguesas o caracol a poder integrar.”