PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

Inaugurado Monumento que recorda os Combatentes Alvaiazerenses ao serviço de Portugal

Foi com um sentimento de profundo reconhecimento que, no dia 13 de janeiro, se homenagearam os combatentes alvaiazerenses com a inauguração de um monumento em sua memória, na Rua Professor José Maria Castelão, em frente ao cemitério, da autoria do escultor Santos Carvalho. A cerimónia resultou da colaboração conjunta entre a Câmara Municipal de Alvaiázere (CMA), Liga dos Combatentes e Al-Baiäz – Associação de Defesa do Património e contou a presença das mais diversas entidades, tais como presidentes das juntas de freguesia, Regimento de Infantaria n.15 de Tomar, alguns combatentes e seus familiares.

“O monumento é a recordação do acontecimento histórico de dimensão mundial que foi a Grande Guerra, mas é igualmente a memorialização de cada um dos alvaiazerenses que nesse funesto evento participaram e onde alguns deles perderam a própria vida”, disse Mário Rui Simões Rodrigues, presidente da Al-Baiäz, aludindo ainda ao facto de a inauguração deste monumento, “acaso ou destino”, se realizar no mês e ano em que se comemora o centenário da Conferência de Paz (iniciada a 18 de janeiro de 1919) e ter acontecido no dia 13 de janeiro, antigo feriado municipal (a 13 de janeiro de 1898 foi restaurado o concelho de Alvaiázere que havia sido extinto três anos antes).

Com este monumento, Alvaiázere junta- se à lista de lugares onde “um padrão evoca aqueles que se debateram, com armas nas mãos, pela sua pátria”. Em Portugal existem, cerca de 350 monumentos de homenagem àqueles que caíram na Guerra do Ultramar e outros 103 de homenagem aos que pereceram na Grande Guerra. O Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues, da Liga dos Combatentes, interveio durante a cerimónia, afirmando que “este é um monumento onde nos revemos e onde revemos aqueles familiares, irmãos que caíram ao serviço do país, nomeadamente e, mais recentemente, aqueles que se bateram no século XX e XXI pelos interesses superiores do país”.

A Liga dos Combatentes nasceu após a primeira Grande Guerra com o objetivo de apoiar viúvas, órfãos e combatentes que regressavam da guerra e os quais o “Estado esqueceu ou abandonou”. Chito Rodrigues relembrou a honra de ter sido combatente e a luta diária que a Instituição pela qual dá a cara tem que fazer, tendo a responsabilidade de honrar os mortos e promover a paz. “A Liga dos Combatentes apela aos poderes públicos para que seja garantida a solidariedade e apoio social e de saúde daqueles combatentes (e suas famílias) que mais precisam e, por isso, a Liga apresentou, o ano passado, uma proposta ao Governo e à Assembleia da República para que seja revista a lei 3/2009 e os direitos que ela estabelece e nos quais os combatentes não se revêm”, afirmou o Tenente-General. Foi com um sentimento de “profundo agradecimento” que Chito Rodrigues agradeceu ao Município de Alvaiázere, referindo que estes monumentos são o significado do esforço e determinação do soldado português, “nascem da vontade da população das terras” e fez votos para que este monumento “seja vivo, não seja esquecido, que periodicamente se evoquem aqueles que serviram o país e saíram desta terra e que as escolas aqui venham e lhes seja explicado o que significa este padrão, mantendo assim a dignidade com que está hoje”, rematou.

A presidente da CMA usou da palavra e começou por se dirigir aos combatentes e às suas famílias que “durante uma parte importante da sua vida se viram privados da companhia dos seus amigos, das suas namoradas, da sua família, do seu meio para combaterem em condições adversas”.

Apesar do passado que se quer lembrar ser sombrio, Célia Marques, disse que “nunca é demais lembrá-lo”. A presidente da CMA afirmou ainda que “não podemos esquecer todos quantos se sacrificaram pela sua pátria, que deram o seu sangue pelo país, todos os alvaiazerenses que defenderam o país nas mais variadas guerras para as quais foram convocados, algumas que sentimos justificáveis, outras que podiam ter sido evitadas”.

Célia Marques terminou a sua intervenção dizendo: “Honremos o passado, aprendamos com as lições gratuitas que ele nos oferece, mas acima de tudo, cuidemos do futuro” para que nesse mesmo futuro, esteja ele próximo ou longínquo, nenhum outro responsável político tenha que estar na “posição em que hoje estamos a divulgar o nome de gente que combateu na guerra”.

Dando continuidade ao seu plano de atividades de evocação do centenário da Grande Guerra, a Al-Baiäz, em colaboração com o Museu Municipal de Alvaiázere irá organizar uma exposição alusiva ao acontecimento histórico, com espólio da 1º Guerra Mundial e documentos da região, em junho deste ano, mês do centenário do Tratado de Versalhes. É de referir ainda que a Associação está a promover a ampliação do conteúdo do memorial, através da colocação futura, na parede do cemitério oposta ao monumento agora inaugurado, de lápides, contendo os nomes dos combatentes que participaram na Grande Guerra, de cada uma das antigas sete freguesias do concelho de Alvaiázere. Ainda acerca deste tema, recordamos a edição do livro “Combatentes de Alvaiázere na Grande Guerra”, de Manuel Augusto Dias, uma colaboração entre a CMA e a Al-Baiäz.