PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

Missão País Testemunho de caridade e fé…

Jovens da Missão País dinamizaram as vertentes, Escola, Lar, Porta-a-Porta e Teatro animando a Vila durante uma semana

De quatro a onze de fevereiro de 2023, a Missão País regressou a Alvaiázere, desta vez, com um grupo de 55 jovens vindos da Universidade Nova de Lisboa, que espalharam alegria e animação na vila e nas suas instituições. Com os utentes destas desenvolveram diversas atividades, desde passeios ao exterior, dinâmicas de grupo, atividades culturais e religiosas e atividades musicais, proporcionando momentos de muita alegria, confraternização e partilha. Deixamos o testemunho da Santa Casa da Misericórdia de Alvaiázere, “tivemos o privilégio de receber durante uma semana os jovens estudantes da Missão País, que contagiaram os corações através do testemunho da fé e do serviço da caridade”.
Passaram também pelo Agrupamento de Escolas de Alvaiázere, onde revelaram muito interesse em conhecer a horta Biológica da Escola Básica e Secundária Dr. Manuel Ribeiro Ferreira, que proporcionou agradáveis momentos de convívio em torno do trabalho agrícola e das experiências hortícolas, identificando as ervas aromáticas com placas feitas pelos horticultores do Clube e plantando um produto.
Uma das jovens da Missão País partilhou também a sua experiência estudantil “mãos na terra”, já que todas as semanas também cuidava de plantas e canteiros.
E sobre estas experiências concluiu o responsável desta Horta Biológica, “Bons auspícios, num futuro em que se impõe fazer por si para se melhor alimentar”.
Os Jovens da Missão País promoveram uma dinâmica em diversos domínios que não passou despercebida em Alvaiázere, já que no último dia presentearam os Alvaiazerenses com uma peça de teatro na Casa da Cultura de Alvaiázere.
E sobre os objetivos da Missão País fomos esclarecidos pelo Reverendo Padre António Ribeiro de Matos, que referiu, “A Missão País é uma manifestação concreta da atualidade do Evangelho e da vitalidade da Igreja. Todos aqueles que nos cruzamos com este projeto somos marcados por eles: missionários, comunidade acolhedora, padres e tantos outros. Alegrame ver tantos jovens que decidem dar um sentido tão belo ao seu tempo de férias. Na Missão País podemos saborear um bocadinho do Céu.” A Missão País é um projeto de índole católica através da qual um grupo de jovens passa uma semana numa localidade portuguesa, entregando-se totalmente às necessidades da mesma, e na qual desenvolve atividades com foco em quatro vertentes distintas: a Escola, o Lar, o Porta-a-Porta e o Teatro. Foi com grande alegria que, regressámos a Alvaiázere, dispostos a animar a vila”.
Seguem-se os testemunhos sobre o que foi a experiência de cada comunidade nesta semana de missão em Alvaiázere.
Da Comunidade dos Lares, e sobre a frase, “A solidão é a pior das pobrezas”, a reflexão foi a seguinte, “esta frase deixou-me a refletir bastante desde a primeira oração da noite. Olhei para ela e pensei: encontrei o sentido da minha missão para esta semana. Quero entregar-me totalmente aos velhinhos desta vila, quero conhecê-los, quero saber quem são e quem foram, quero relembrá-los da Fé cristã e de que, apesar de sentirem solidão, não estão sozinhos porque O Senhor está com eles. E assim o fiz, durante os cinco dias de comunidades, passei-os da melhor forma possível com os utentes dos Lares. Cantei, dancei, conversei, lanchei, joguei, fiz tudo ao meu alcance para obter apenas um sorriso na cara de cada um. Sentime próxima deles, senti-me próxima de Deus, que me assegurava de que aquilo era a minha missão e de que não estava sozinha e que os velhinhos precisavam da minha companhia. Durante a semana olhava ao meu redor e pensava: Que bonito é ver um grupo de jovens a fazer um milagre acontecer nas vidas destas pessoas. Olhava para mim e para os meus colegas e pensava, que sentimento gratificante, estamos a dar tudo sem receber nada em troca, sem sequer querermos receber nada em troca, apenas um sorriso, e isso foi realmente uma experiência espetacular. Uma parte de mim ficou em Alvaiázere com eles, mas saí de coração cheio, com uma sensação de missão cumprida e com vontade de dar e partilhar mais”.
A Comunidade da Escola deixou também a sua opinião, “numa Escola encontramos faixas etárias muito diferentes, o que se reflete em vivências diferentes, opiniões diferentes e preocupações diferentes. Ao longo da semana, marcaram-me várias conversas com alunos, professores e funcionários da escola, e todas elas surgiram de momentos espontâneos em que o tempo passou sem dar por ele. Ouvi histórias de vida, sonhos para o futuro, e pensamentos que inquietam.
Para mim, a Missão significou brincar, ouvir, conversar e, acima de tudo, transmitir que ninguém está sozinho, que todos os pensamentos são valiosos e que todas preocupações devem ser ouvidas. Vi Deus nos momentos em que as crianças corriam em direção a nós a sorrir, vi Deus no que os alunos mais velhos tinham para dizer sobre a sua fé, vi Deus na dedicação e empenho dos professores e funcionários que todos os dias dão o seu melhor. Graças às pessoas que se cruzaram connosco, a Missão País traduziu-se numa semana extremamente gratificante e enriquecedora.”
Da Comunidade do Teatro, explicaram como integram um grupo e aceitam as tarefas propostas, mesmo não sendo as que mais gostam, “o grupo é dividido, ainda antes de sabermos em concreto a comunidade onde gostaríamos de ficar, e aquela onde seríamos mais úteis à comunidade, de uma coisa julgamos ter a certeza, todas menos o teatro, por favor! E eu não fui exceção. Quando chegou o momento de priorizar as opções, coloquei o teatro em terceiro, pois no fim de uma época de exames intensa, decorar falas era a última coisa que queria fazer. Não podia estar mais enganada! Deus trocou-me as voltas e mostrou-me que a minha missão em Alvaiázere passava precisamente por esta comunidade.
A semana no teatro foi, sem dúvida, cansativa. Eram dias passados a ensaiar, a repetir cenas, a treinar as músicas… Mas foi graças a tudo isto que as pessoas que nos foram ver puderam rir e esquecer-se por uns momentos de qualquer problema que estivessem a enfrentar na sua vida.
Sinto também que foi devido a esta dedicação diária e conjunta que a comunidade do teatro se tornou tão íntima e unida. Foi das coisas mais bonitas a que assisti na missão: ver pessoas que nunca se tinham cruzado antes, a criar ligações tão fortes num curto espaço de tempo, a partilhar partes delicadas das suas vidas nas orações em comunidade, sem medo de serem julgadas, ou simplesmente a acalmarem o outro nos momentos em que nos vinha à cabeça “como é que vou subir a um palco em frente a 200 pessoas?”
Foram várias as vezes em que falámos em comunidade sobre o quão desafiante era ver as outras comunidades a chegar ao final de cada dia com aquele sentimento de missão cumprida, quando nós, por estarmos mais “à parte” das crianças e dos idosos de Alvaiázere, só iríamos sentir essa mesma sensação quase no dia de ir embora.
A verdade é que esse dia chegou, e tenho a certeza que não havia outra forma de sair dali com o coração tão quentinho. Foi de uma gratidão imensa estar atrás das cortinas pretas, por entre as cenas, a espreitar para a plateia simplesmente a ver sorrisos, a ouvir as pessoas a interagir com a história e com o narrador, e a rir de piadas que nós levámos a semana toda a tentar dizer sem sair da personagem”.
E concluiu, “Ao olhar para trás, e tendo isto tudo em consideração, gostava só de voltar ao primeiro dia de missão e dizer a todos os missionários – a mim incluída – para não fugirem do teatro, para acolherem o desafio e levarem a alegria a todos os habitantes que esperaram ansiosamente por sexta-feira”.
Da Comunidade do Porta-a-Porta ficou a experiência partilhada de vivências com a comunidade alvaiazerense, sempre gratificante, “é na comunidade do Porta a Porta que podemos ir ao encontro dos habitantes de Alvaiázere de uma forma mais íntima, pessoal e pura. caminhando pelas ruas, conhecendo os cantos e recantos da vila, batendo às portas, sendo recebidos em casa de alguém e falando com qualquer pessoa que vejamos passar. É incrível a forma como Deus nos dá pequenos sinais e nos escreve constantemente mensagens, lembrando-nos de que sim, Ele está ali.
Nesta comunidade, todos os dias acontece algo que nos relembra do porquê de estarmos ali também. A nossa missão ao longo da semana em que andámos de porta em porta por Alvaiázere era conseguir alegrar um pouco o dia de alguém, fosse de que maneira fosse. Contudo, acabámos por receber muito mais em troca: cada história, cada gargalhada, cada olhar… Em todos os instantes podia sentir-se a presença de Deus, que, com tanta intensidade, proporciona conversas inspiradoras, mas também silêncios poderosos. Por muitas mais oportunidades de fazer alguém sorrir, partilhar momentos de oração e unir jovens católicos, por mais anos de Missão País”.
E deixaram um agradecimento, “Agradecemos à comunidade de Alvaiázere pelos sorrisos, pelas partilhas, pela generosidade com que nos receberam nas suas casas, e também por todos os mimos que nos deram ao longo da semana. Esperamos ter marcado Alvaiázere assim como esta vila marcou cada missionário. Regressamos a Lisboa de coração cheio e ansiosos por voltar no ano que vem!” E concluíram, “Alegra-te, Ele está contigo!”.