Alvaiázere, de onde vens, para onde vais… ou te levam?
Segundo a história, Alvaiázere teria sido, há mais de cinco mil anos, uma importante cidade proto-histórica e há mais de dois mil anos uma grande cidade romana, sendo hoje uma humilde vila do nosso tempo (palavras do professor José Hermano Saraiva). Vestígios dessas épocas, a muralha, castro, ou como o povo da minha infância lhe chamava, a carreira dos cavalos na serra de Alvaiázere (monumento esse constantemente vandalizado e roubado), a cerâmica constantemente encontrada nos nossos campos ao cavarse ou lavrar-se as terras, e ainda outros utensílios e construções quando se abrem valas ou alicerces. Ainda o nome de um lugar, junto à vila, chamado Rominha.
Todas estas histórias, todos estes vestígios, alguma vez deram inspiração aos nossos autarcas contemporâneos para dar impulso a pesquisas para promoção do turismo? Alguma vez estas histórias e estes vestígios deram ânimo aos nossos autarcas para retirarem das verbas mal gastas e sem sentido, uns míseros dinheiros para promoverem estudos e escavações dirigidos sob a orientação de arqueólogos, sobre o que de verdade e interessante poderíamos aproveitar para mostrar ao mundo e promover a nossa terra através do turismo? Porquê gastar tanto dinheiro em compra de casas símbolos de Alvaiázere, do seu património e cultura, para depois as deixar cair ao abandono ou para fazer obras que nada trazem a Alvaiázere e aos alvaiazerenses? Porquê gastar tanto dinheiro em terrenos (bastantes), que depois ficam a criar mato, feno e quiçá ratos? Para construção? De quê e para quê? Dou apenas um exemplo: A construção de uma casa mortuária, bandeira de há mais de vinte anos dos autarcas de Alvaiázere em todas as eleições para a autarquia, já esteve prevista para meia dúzia de locais, tendo-se adquirido terrenos para esse fim. Pois ainda há pouco tempo se fez nova aquisição de terreno para esse fim, cujo custo foi quase de cem mil euros. O edifício é que não há maneira de se ver…
E os vereadores da cultura e do turismo? O que fazem, o que promovem, que ideias dão ao presidente? Ou é só tacho? Também se é para darem estudos, ideias e informações falsas e sem razão de ser como quando da toponímia actual de Alvaiázere, mais vale estarem quietos e calados. Para nada contribuirão, mas também não destruirão. Valeria a pena ouvirem José Hermano Saraiva sobre a nossa terra, ouvirem as suas palavras sobre o ar que nela se respira, misto de urzes e nortadas de mar e serra com os seus alecrins, tomilhos e ervas de Sta. Maria e o cheiro bíblico dos lagares de azeite, do feno molhado, e outros afins e honestamente e com competência trabalharem nestas matérias e mostrá-las ao mundo do turismo, para proveito de Alvaiázere e alvaiazerenses.