Alvaiázere, para onde vais? Tive muitas esperanças de que te tornasses uma terra interessante… Face à benevolência de grandes alvaiazerenses, construíramte um hospital, uma creche, um edifício para cinema/teatro. Edifícios que cidades ainda não tinham ou eram-lhes inferiores. Começou a esperança numa terra melhor para os seus habitantes e um crescimento por que todos ansiavam. Passados poucos anos, graças à necessidade de alguns e à visão de um grande alvaiazerense a quem por razões insondáveis nunca foi prestada a homenagem merecida, foi criado um colégio que ao fazer tão bons alunos, fez furor no Liceu Nacional de Leiria. Maiores esperanças para o engrandecimento da terra, enormes esperanças para os seus habitantes jovens que, sem este estabelecimento não poderiam, a sua maioria, aspirar a educação e instrução que os catapultasse a maiores vôos que os dos seus pais e avós.
25 de Abril… maiores esperanças. Estradas, escolas, biblioteca, casa da cultura, estádio, mercado, piscinas, museu, enfim, estruturas que se fizeram graças à vontade de alguns e aos dinheiros do governo central e união europeia. Contudo todo este capital não chegou. E não chegou porquê? Porque não se investiu de igual forma no capital humano nem na criação de emprego. E o pouco capital humano que se ia criando continuava a fugir ou não era atraído por falta de condições de empregabilidade. E a desilusão começou a apoderar-se de muitos há quase uma vintena de anos a esta parte.
Começaram a destruir Alvaiázere… a sua identidade, o seu património. Começaram obras sem interesse para a população. Estão outras a caminho. Só para interesse próprio, benefício de alguns. Também para salvar património próprio que se está a desmoronar. Estamos a voltar aos anos 40, 50 e 60 em que os senhores da terra (do poder e do capital), com influência, egoístas, ditadores e gananciosos, defendem apenas os seus interesses e dos seus familiares e partidários e um povo sem alma, sem chama e sem garra, a deixar-se levar por ilusões e favores momentâneos e sem significado, sem lutarem a valer, por si e pelos seus.
Assim vão Alvaiázere e alvaiazerenses a caminho do abismo dos anos em que nada se fazia que não fosse a favor dos senhores da terra, sem reagir, como se cumprissem uma pena ditada pelos deuses do poder.
Isto o que tenho vivido e sentido, e já lá vão 70 anos de esperanças que se quedem mortas.