PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

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Terra Queimada

Neste mês de julho Alvaiázere já foi sacrificada pelo fogo florestal, uma desolação ao passarmos naquela “terra queimada”. Esta expressão que utilizo remonta a uma antiga prática militar chinesa, para não permitir ao inimigo reabastecer-se queimavam todas as colheitas.

Nos fogos florestais é dificil perceber quem é o inimigo, a meterologia extrema, os incendiários, a floresta suja e não ordenada, com falta de acessos, por vezes parece que o inimigo é a prória floresta.

Desde o ano passado com o flagelo dos fogos e suas terríveis consequências, reconheceu-se a necessidade de operacionalizar a prevenção. No entanto transformar o sistema que ao longo destes últimos anos se focou no reforço ao combate, e as mentalidades que na sua maioria aceitam os fogos como uma fatalidade, para um trabalho de prevenção prioritário, não é tarefa fácil, mas não é impossível.

É preciso que as populações estejam atentas e não fiquem com a sensação de estarem a ser protegidas quando os governantes proclamam que existem mais meios de combate e asseguram a coordenação de um sistema de eficácia no combate aos fogos. Esta solução é a que rende mais a curto prazo e a mais fácil, mas não será esta que resolverá a diminuição dos fogos florestais.

A solução reside na prevenção que é uma operação complexa, exigente e os resultados verificam-se só a longo prazo, mas temos de ser persistentes, desenvolvendo programas de auto-proteção de aglomerados, no patrulhamento, estimulando a ativa e boa gestão da silvicultura e de matos de propriedades abandonadas recorrendo a mecanismos fiscais, ou outros de apoio que levem, com eficácia, os proprietários a limpar os terrenos principalmente à volta de construções, na divulgação de informação, na educação ambiental nas escolas, e na formações para a população em geral.

O investimento para aplicar nestas politicas preventivas seria compensado pela diminuição das verbas gastas nos mecanismos de combate aos incêndios.

No nosso país a área agrícola é muito reduzida, pelo que a valorização e proteção da floresta e da natureza deveriam estar em primeiro lugar, por melhorarem a qualidade da água, criarem empregos, salvaguardarem o património e desenvolverem um turismo de qualidade. Esta deveria ser a grande preocupação, em todas as épocas do ano, dos políticos, mas também de todos os cidadãos, já que o problema envolve toda a sociedade, e não se resolve com julgar só os outros.