Há vários anos que a Alva Canto Associação de Cultura assinala a comemoração do 25 de Abril, através da produção de espetáculos musicais, no concelho de Alvaiázere.
Este ano o Coral Alva Canto participou nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, mas a convite da Câmara Municipal de Alvaiázere, já que o Município organizou estas.
Assim na tarde do dia 25 de abril o Coral Alva Canto dinamizou no palco do Auditório Fernando Lopes da Casa Municipal da Cultura o concerto “Cantar Abril – 50 anos”, que contou com a já habitual participação do quarteto “Tomar-lhe o Gosto”, fazendo, como sempre, um espetáculo de grande qualidade, com canções de Abril: Amigo maior que o pensamento de Zeca Afonso; Tejo que levas as águas de Adriano Correia de Oliveira; Primeiro Dia de Sérgio Godinho; Mãe Negra de Paulo de Carvalho; A garrafa vazia de Manuel Maria e Utopia de Zeca Afonso; Os homens que vão pra Guerra de Fernando Lopes Graça; Gaivota de Ermelinda Duarte; A formiga no carreiro de Zeca Afonso; Qual é a tua ó meu e Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades de José Mário Branco; Acordai de Fernando Lopes Graça; A morte saiu à rua e Coro da Primavera de Zeca Afonso; Carta ao Zeca de José Mário Branco; Tourada de Fernando Tordo.
Este ano o concerto teve ainda o envolvimento de outras valências da Alva Canto, nomeadamente, do Coro Infanto-Juvenil de Alvaiázere e de elementos da secção de teatro “oTAL”, que muito contribuíram para darem um toque de magia e humor ao espetáculo. E na parte final, mais uma novidade, com a atuação de Ricardo Liz Almeida, um dos vocalistas da conhecida banda “Os Quatro e Meia”. Com uma postura muito humilde reconheceu o valor e o mérito dos que o precederam. De uma alegria contagiante e possuidor de uma voz brilhante, também contribuiu para o êxito deste espetáculo, com: Cantar de emigração de Adriano Correia de Oliveira; Venham mais cinco e Canção de Embalar de Zeca Afonso; Trovas ao vento que passa de Adriano Correia de Oliveira; Depois do Adeus de Paulo de Carvalho.
Para encerrar Ricardo e o Coro cantam Grândola Vila Morena de Zeca Afonso e a Portuguesa-Hino Nacional e todos os presentes, que excederam a capacidade do Auditório, aplaudiram de pé, e com Vivas à Liberdade.
Antecedeu este belíssimo espetáculo, a cerimónia oficial no Salão Nobre da Câmara Municipal, em que usou da palavra o presidente da assembleia municipal, Carlos Graça, que historiou os antecedentes da revolução do 25 de abril, com enfase para a guerra colonial e depois da revolução dos cravos para a descolonização. Dois aspetos que ainda precisam de ser muito debatidos e esclarecidos, segundo a sua opinião.
Deixou um testemunho da sua vivência em terras africanas, onde estudou e completou os seus estudos superiores em engenharia, deixando um retrato das realidades daquela época a nível, político, social, económico e cultural.
Encerrou a sessão solene o presidente da Câmara Municipal, João Paulo Guerreiro, salientando que o 25 de abril é de todos e embora não seja tradição a sua comemoração, no entanto é uma data que nunca é esquecida e nos dá “uma responsabilidade acrescida para os jovens terem um futuro mais risonho”.
E desejou para Alvaiázere a concretização de uma conhecida frase de Nelson Mandela, “Sermos livres não passa apenas por libertar os outros das correntes, mas, sim, viver de uma forma em que respeitamos e promovemos a liberdade dos outros”.
O programa oficial teve início no dia 24 de abril, no Museu Municipal, também com sala cheia, que assistiu ao Café-Concerto do grupo “Fala Povo Fala”, que é reconhecido pela fusão de música tradicional portuguesa e poesia. A atuação deste grupo, em que um dos elementos tem raízes alvaiazerenses, proporcionou momentos muito agradáveis, principalmente pela improvisação musical e declamação poética.