O Município quer criar a “Indicação Geográfica Protegida” como marca de referência do Chícharo. A confirmação foi dada pela presidente do Município, Célia Marques, no discurso de abertura da 39.ª edição da FAFIPA – Feira Agrícola, Florestal, Industrial, Pecuária e de Artesanato e 17.º Festival Gastronómico do Chícharo, “produto âncora do Concelho”.
A autarca revelou o seu desejo de criar esta denominação como “uma montra do Concelho”, conferindo uma classificação específica para este produto, a qual lhe vai dar “maior qualidade e valor no mercado”. Para a concretização desta vontade, a presidente vai contar com o apoio da ADECA.
Ao longo dos anos, o certame tem vindo a crescer e a rejuvenescer, “com o envolvimento de todos”. Ao contrário do que tem acontecido com alguns certames em concelhos vizinhos e não só, a “FAFIPA, que começou há mais de 40 anos, tem vindo a crescer, tendo sido feita ininterruptamente ao longo destes anos”, referiu Álvaro Pinto Simões, presidente da Assembleia Municipal e ex-autarca, acrescentando que sente orgulho por ter liderado um executivo que ajudou a FAFIPA e o Festival Gastronómico a avançar.
Mencionando os tempos de “alguma incerteza económica” que todos sentimos, Célia Marques reafirmou a necessidade de “municípios como o nosso” de criarem modelos de atração de investimento, geração de emprego e promoção da qualidade de vida. “Hoje, mais do que nunca, o desafio de apoiar soluções centradas no capital humano, para que capitalizemos empresários e empreendedores, conhecimento, criatividade, especialização e inovação para o nosso território faz mais sentido”. Foi nesse sentido que a autarca criou o programa “Alvaiázere +” que conta já com 18 empresas incubadas e 16 jovens empreendedores apoiados. Além disso, são já 16 as empresas com pré-reserva de lotes industriais.
O certame “Alvaiázere, Capital do Chícharo” é também momento de enaltecer “as características únicas dos nossos produtos endógenos” que, para além do produto âncora de Alvaiázere, o chícharo, passam pelo queijo, o mel, o azeite, o cabrito, o vinho ou as ervas aromáticas, entre outros. A edição deste ano do certame contou com 40 empresas na mostra económica, 45 artesãos na mostra de artesanato e 52 produtores na mostra de produtos “mas muitos mais havia inscritos que, infelizmente, não conseguiram a nossa confirmação pois o espaço atual do recinto não comporta mais estruturas físicas”, adiantou a autarca, garantindo já se estar a preparar para reestruturar e ampliar a área afeta ao evento, dada “esta procura e necessidade de continuar a crescer e, em simultâneo, elevar o nome de Alvaiázere”.
Não esquecendo “o esforço, a dedicação de todos quantos contribuíram para que este certame tenha alcançado o sucesso e a projeção que tanto ambicionámos”, Célia Marques agradeceu às empresas, associações, produtores, artesãos, aos mentores da FAFIPA, Filipe Santos, e Festival do Chícharo, Pedro e Carlos, aos funcionários da Câmara Municipal e a todos os alvaiazerenses. “Acredito, que juntos continuaremos a fazer crescer e desenvolver esta marca muito mais e, com ela, a nossa terra”. Terminou o seu discurso convidando todos os presentes e visitantes a provarem Alvaiázere e “o nosso património, e, já agora, comprem muito e levem um pouco desta terra para os vossos lares, mas acima de tudo, levem Alvaiázere nos vossos corações”.
A sessão de abertura continuou com a visita de todos os convidados, presidentes e comunicação social aos vários expositores do certame, havendo espaço e tempo para trocar umas palavras com cada um e desejar que, durante os três dias de feira, todos alcancem o que desejam.
Entretanto, já era muita a animação vivida pelo recinto, tanto ao som da música tradicional da AMCR de Dornes, quer pela performance teatral das “Turistas transmontanas em terras de chícharo”, que se iam metendo com as pessoas, criando bons momentos e permitindo soltar algumas gargalhadas.
Pela hora do jantar foi organizado um showcooking, promovido pela Confraria do Chícharo, em parceria com a Confraria “Arroz das Lezírias”. O chef José Maria Lino preparou uma receita que juntou a nossa leguminosa ao arroz. Os aromas da boa gastronomia não saiam apenas desta receita e por todo o lado era já sentido o cheiro das várias ementas que estavam a ser preparadas pelas sete associações do concelho e pelos nove restaurantes que aderiram ao evento, dando o seu melhor para servir os muitos visitantes que acorriam ao recinto.
Mais tarde, e porque um dos grandes motivos da afluência de milhares de pessoas a Alvaiázere também foi a boa música que por cá se fez ouvir, o grupo Surma abriu o palco dos concertos para o artista mais esperado da noite, Plutónio. Ao longo de uma hora sem parar, o rapper cantou e não desiludiu os presentes, apesar da confirmação da sua vinda ter sido em cima da hora para substituir o artista que havia sido anunciado, ProfJam. A animação seguiu com a atuação dos P*ta da Loucura que, fazendo jus ao nome, não deixaram ninguém indiferente.
O programa do “Alvaiázere, Capital do Chícharo” contemplou também o desporto. No sábado, dia 12, centenas de crianças e respetivas famílias marcaram presença na segunda edição do torneio Al-Bayazira Youth Cup, uma organização conjunta do Grupo Desportivo de Alvaiázere e da Escola de Futebol do Benfica de Alvaiázere, com o apoio do Município.
Enquanto nas tasquinhas já se preparavam as coisas para a hora de almoço, abriam as mostras de produtos regionais, a mostra económica e a de artesanato. No recinto a animação continuava com os “Amigos da Gaita” a darem música aos visitantes, ao mesmo tempo que se realizavam atividades circenses.
A tarde prometia ser de festa e por isso, o programa da TVI “Juntos em Festa” fez de Alvaiázere o seu palco, mostrando a vila aos quatro cantos do mundo. Por cá passaram vários artistas, um deles bastante especial por ser filho da terra, o alvaiazerense Lorenzo. Para além da televisão, a tarde foi complementada com outros motivos de interesse, nomeadamente a apresentação do livro “Roteiros de Património Cultural e Natural – Sicó, Lugares Notáveis do Património”, de Carlos Silva, que aconteceu na Biblioteca Municipal e ainda as visitas guiadas ao património do concelho, revelando curiosidades que tornam o nosso território único e motivo de visita. Enquanto tudo isto acontecia fora do recinto, lá mesmo, no “Espaço Artes” foi possível ver artistas do concelho a criar as suas peças ao vivo, ensinando desta forma a sua arte.
E porque o programa do certame não foi só diversão, destaque também para a dinâmica empresarial, com a mesa redonda subordinada ao tema “O impacto da economia circular no desenvolvimento sustentável”. Promovida pela ADECA, contou com a participação de Bárbara Carvalho, dos Territórios Criativos, Rui Barreira, coordenador da Associação Natureza Portugal, Miguel Leitão, da Greenworld, e moderada por Luís Matos Martins, CEO dos Territórios Criativos.
Já com a noite a avançar, todos esperavam os concertos deste dia, primeiro a cargo dos “Birds are Indie” e depois por Pedro Abrunhosa, enquanto que pelo recinto circulava o espetáculo de fogo “Cusquices e calhandrices na terra do chícharo”. Centenas de pessoas não arredaram pé até ao final do concerto de Pedro Abrunhosa, também porque muitos deles esperavam a atuação dos dj’s “The Fucking Bastards”, que proporcionaram diversão até o dia amanhecer.
Domingo, último dia de feira, é sempre dia de passeio. Este ano realizaram-se três passeios: de motas, de tratores e de bicicletas antigas. Enquanto os mais crescidos passeavam, a petizada fazia rolar a bola, no derradeiro dia do torneio.
A tarde foi de espetáculos e muita animação em atividades circenses e concertos. A Orquestra Ligeira da Sociedade Filarmónica Alvaiazerense de Santa Cecília abriu o palco, seguindo-se o grupo “Cavaquinhos da Pedreira” e, por fim, o grupo “Adufe e Alguidar”. Enquanto isso, com a Casa Municipal da Cultura totalmente cheia, foi rodado, em estreia absoluta para os alvaiazerenses, o filme “Para além da Memória”. Recordemos que este filme foi filmado no concelho, contou com a participação da atriz brasileira Gabriela Moreyra e da ilustre Lídia Franco, foi realizado por Miguel Babo e produzido por um filho da terra, António Cardo.
Já ao anoitecer, voltou o debate e a reflexão, com a mesa redonda “A gastronomia e o turismo”. Moderada por Paulo Reis Silva, presidente da direção da Confraria do Chícharo, contou com as presenças de Rúben Correia, do Botequim Açoriano, de José Borralho, da Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia, de António Simões, da Confraria da Cabra Velha, e de José Miguel Ferreira, da Fundação Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional. Pelo recinto, a música e o espetáculo continuavam em permanência, com a música dos “Tokandar” e o espetáculo de fogo “Licores e vapores com chícharo e companhia”.
Já com um pedacinho de nostalgia por estar a chegar ao fim a edição deste ano, houve ainda espaço para participar no “Festival Internacional de Acordeão” e depois ver, ouvir e dançar ao som do artista Emanuel, que fechou com chave de ouro, e alguma chuva, o certame.