Comemorou-se este ano o 45º aniversário do 25 de abril. Devia ser sinónimo de maturidade da nossa democracia. Por vezes, questiono-me se ainda terá algum significado a sua celebração. Os ideais de liberdade, solidariedade, fraternidade e igualdade, bebidos na revolução francesa, mantêm- se ou é tudo uma ilusão?
No presente mês de abril, assistimos a uma situação que contraria esses ideais.
É inadmissível que alguém, neste caso o governo de todos, decrete a desigualdade e a falta de solidariedade nacional.
Para alguns, em Lisboa e no Porto, base de votantes dos partidos no poder, houve direito a serviço mínimos de combustível, para os parolos da província (também designada paisagem nacional) nem um cheirinho.
Na cabeça dos iluminados que nos governam, as coisas fazem sentido pois, como não temos direito a transportes públicos, também não precisamos de combustíveis. Certo?
Não sei bem, mas interrogo-me se, alguns, não estariam a equacionar o envio de alguns fardos de palha! Felizmente, alguém, um pouco mais inteligente, resolveu reverter a situação.
Sorte em viver aqui? No interior? Apetece-me dizer um palavrão!
Mas a coisa mais irritante é a forma muda, acéfala como encarámos, da esquerda à direita, esta situação. Continuamos caladinhos e coitadinhos.
Quando me vierem com falinhas mansas, anunciando panaceias no combate à desertificação do interior, apetece-me ser como a padeira de Aljubarrota e desancá-los à bordoada.
Desta vez foram os motoristas de matérias perigosas, se, futuramente, a greve for dos médicos, dos enfermeiros ou dos farmacêuticos, já pensaram no que nos poderá acontecer se forem decretados serviços mínimos só para Lisboa e Porto?