As alterações climáticas são uma realidade indiscutível e torna-se fundamental pensar e desenvolver ações para minimizar o seu impacto, sem demagogias e populismos fáceis, alicerçadas no conhecimento científico.
Se os fatores que levam a essas alterações nem sempre são consensuais, quase todos concordam que a atividade humana tem um efeito preponderante na sua aceleração e que isso terá um efeito brutal na vida de milhões de pessoas.
Na chamada pegada ecológica, os combustíveis fósseis usados na indústria e na produção de energia são secundados pela indústria pecuária intensiva.
Parece acertado que a Universidade de Coimbra tenha decidido retirar das ementas das suas cantinas a carne de vaca, alegando que, do ponto de vista ambiental, esta ser uma opção pouco sustentável. No entanto, a polémica instalou-se, vendo muitos, nesta atitude, um ato de coragem de dar um bom exemplo de cidadania à sociedade, argumentando outros, onde também me revejo, que, sendo tal ato uma imposição e uma restrição à liberdade individual, numa universidade a ciência deve prevalecer sobre o populismo.
Concordo plenamente que consumimos carne (não só de bovinos) em excesso, pois vários estudos recentes têm assinalado os riscos para a saúde de um consumo exagerado de carnes vermelhas.
Parece-me ser aqui que as universidades podem ter um papel relevante contribuindo com estudos, informando e educando.
É preciso educar os consumidores, que parecem ignorar a origem da carne que consomem.
É preciso fazê-los entender que uma vaca produzida na Argentina, alimentada a soja e a mais de 10 000km, terá uma pegada ecológica muito diferente de outra que pasta livremente na serra do Marão ou no Alentejo.
Como temo que a seguir à vaca, se siga o leitão, o bacalhau ou a petinga, faço algumas sugestões que, poluindo tanto como os atrás citados, poderiam ser implementadas, se não fossem impopulares:
– Impedir que os muitos cavalos (escondidos nos motores dos carros) pastem (estacionem e circulem) em volta da universidade;
– acabar com a Queima das Fitas ( que pegada!);
– proibir o cafezinho ( pegada quase igual ao da carne);
– proibir o uso de telemóvel;
– proibir o papel ( para produzir uma folha são necessários dez litros de água);
Por fim, e como o planeta é património de todos, temos a obrigação e dever de preservá-lo para as gerações futuras. Assim, mudar os nossos hábitos alimentares é dar um passo importante que tem de ser acompanhado de medidas que levem a zero desperdício, ou seja, temos de “empobrecer”.