PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

jose_batista

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Começou a chover. Ainda bem. Depois de uma época de incêndios, que ceifou quase uma centena de vidas, esperemos que esta venha de mansinho. Sim, de mansinho, primeiro para não erodir as terras e, em segundo, de forma a evitar catástrofes como a ocorrida há 50 anos (em 1967) em que morreram mais de 500 pessoas vítimas da fúria das águas.

Que venha de mansinho e durante muito tempo!

Para já, se se mantiver, vai permitir que haja queima do madeiro, forma tradicional de, em muitas terras, festejar o Natal.

Infelizmente, o S. Martinho não teve a mesma sorte, pois o seu Verão traiu-o, e o magusto, da forma tradicional, foi impedido, por lei, cautelosa, mas absurda, de não permitir fazer qualquer fogueira.

Sou, já o defendi no artigo de junho, defensor do uso do fogo não só no controle mas também na prevenção de fogos, sendo este usado apenas por técnicos especializados.

A este propósito o jornal Expresso, de 3 de novembro, publicou um artigo muito interessante em que referia que um português, Pedro Palheiro, engenheiro florestal, coordenava a equipa de Fogo Controlado do Serviço de Parques e Vida Selvagem australiano, e geria o uso do fogo, como técnica de prevenção e de combate/controle de incêndios, numa área superior ao tamanho de Portugal.

Nas suas palavras “só com água não se apagam fogos” e que o combate às chamas “só é eficaz se se combinarem várias técnicas, como o uso de contrafogo, máquinas de rasto e camiões com água”. Mas antes disso diz “é preciso limpar a vegetação preventivamente com máquinas, enxadas ou com fogo controlado, criando mosaicos para fazer parar o incêndio”.

Este jovem de 38 anos viu-se obrigado a emigrar. Se pudesse ter ficado e aplicado os seus conhecimentos talvez fossem minorados os efeitos dos incêndios deste ano, em especial no Pinhal de Leiria, gerido pelo estado.

Também é minha opinião que o problema dos incêndios não está unicamente nas espécies florestais ou na gestão do território, é, antes de mais, um problema de pessoas e da forma como tem sido negligenciado o mundo rural.

Assim, passados quase seis meses depois dos fogos, continuamos a assobiar para o ar. Quantos eucaliptos, pinheiros, acácias e giestas se arrancaram das bermas das estradas? E em redor das habitações? E das fábricas/ parques industriais?

Termino, contrariando o parágrafo anterior, com um exemplo a seguir: Ferraria de S. João, Penela, que não esperou pelo poder instituído (estado, autarquias, comunidade científica, bombeiros e outras instituições), para agir.

P.S.: Cuidado! “Do São Martinho ao Natal, o médico e o boticário enchem o bornal”.