PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

jose_batista

A minha palavra do ano

A palavra do ano, em 2024, se acolhermos a definição do Dicionário MerriamWebester, é “polarização”.

Segundo o dicionário citado acima, “polarização” é: “divisão entre dois opostos totalmente distintos”, especificamente quando nos referimos a “opiniões, interesses ou crenças de um grupo em relação a outro”.

Reconheço que a palavra está bem escolhida face ao que se vê pelo denominado “mundo democrático”, onde, cada vez mais, se extremam posições. Tão extremas que até vemos as denominadas extrema-esquerda e extrema-direita juntarem-se para derrubarem governos mais centristas, o que denota que alguma coisa não vai bem na nossa democracia.

Para mim, a palavra a escolher seria “fronteira”. Parece-me que grande parte dos problemas que o mundo atravessa, dando especial ênfase às guerras, advêm da existência de fronteiras.

Há diferentes tipos de fronteiras: físicas (naturais), políticas, económicas, culturais ou ideológicas.

Cada país tem suas próprias regras sobre quem pode viajar, trabalhar e residir dentro de suas fronteiras, podendo refletir ainda a inclusão ou a segregação de grupos ou culturas.

Geralmente, as pessoas podem-se movimentar livremente dentro das fronteiras dos seus próprios países, mas não podem entrar num país vizinho, sem a permissão ou conhecimento do mesmo.

No contexto geopolítico, as fronteiras influenciam a segurança nacional, o comércio, a imigração e as relações internacionais.

As fronteiras políticas são definidas por decisões políticas como podemos constatar com a pretensão de Donald Trump querer fechar as fronteiras com o México ou os casos: Coreia do Sul / Coreia do Norte e Palestina / Israel.

Termino com o poema “Fronteira” de Miguel Torga.

Desejo um Ano Novo com menos fronteiras e mais abraços.

Fronteira

De um lado terra, doutro lado terra;
De um lado gente; doutro lado gente;
Lados e filhos desta mesma serra,
O mesmo céu os olha e os consente.

O mesmo beijo aqui; o mesmo beijo além;
Uivos iguais de cão ou de alcateia.
E a mesma lua lírica que vem
Corar meadas de uma velha teia.

Mas uma força que não tem razão,
Que não tem olhos, que não tem sentido,
Passa e reparte o coração
Do mais pequeno tojo adormecido.