O ano de dois mil e vinte findou sem deixar saudades. Foi um ano de incerteza sem precedentes, em que tudo o que era certo e adquirido, como a vida social, a profissional, a saúde, deixou de o ser.
Com a chegada de um novo ano, temos a esperança de melhores dias. As vacinas, dizem-nos, vão-nos permitir ver a luz ao fundo do túnel. Não obstante, a probabilidade de termos de aceitar a presença do vírus e aprender a viver com ele é elevada, tal como vivemos com a gripe sazonal.
Apesar dos problemas surgidos serem transversais a todos os setores da sociedade foi nos mais idosos que eles se refletiram com maior intensidade devendo, por isso, estes serem especialmente protegidos.
A maioria das infeções pelo Covid-19 e subsequentes mortes ocorreram em idosos que estavam em lares/instituições o que é preocupante. Caberá à tutela destas instituições supervisionar com rigor o seu estabelecimento/funcionamento mas sem esquecer, primeiramente, que necessitam, urgentemente, de ajuda para saírem do estrangulamento financeiro em que vivem. Lá diz o povo que sem ovos não se fazem omeletes.
A pandemia expôs também uma outra situação. Segundo a Operação Censos Sénior 2020, foram sinalizados mais de 42 mil idosos que vivem sozinhos e isolados e, consequentemente, não só são mais vulneráveis a crimes de burla mas também à escassez de alimentos. Como inverter esta situação?
É de enaltecer o papel da GNR e dos Bombeiros que, ao visitarem alguns milhares de idosos na época natalícia, deram não só o conforto da sua companhia mas também alguns bens de primeira necessidade. Seria bom que o Natal fosse todos os dias.
Finalizando, não podemos ignorar que o nosso próprio modo de vida, tal como o conhecemos, está em risco. Portugal é um país economicamente frágil e se a economia deixar de funcionar e se relegarmos as doenças não Covid para segundo plano, estamos no trilho de um desastre social e económico sem precedentes.
Independentemente das incertezas, imprevistos e dificuldades que possam ainda surgir, temos de ser capazes de não ter medo de viver pois o mundo não para de girar.
Bom ANO NOVO.