PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

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Bons Exemplos

Vivemos tempos que nem os mais vividos conseguem descrever.

Hoje, nem os mais experientes sabem como lidar com esta situação de saúde, social e no futuro económica.

E é nas situações mais temíveis e difíceis que o Homem se mostra nas suas melhores qualidades.

Como agente atuante nesta pandemia, posso testemunhar o que de mais belo tem o ser humano e não só…

Começámos com um choque! A situação do Lar “Solar de Dona Maria” pela sua precocidade foi difícil.

Não estávamos preparados… Aliás Portugal não estava preparado como foi afirmado pelos responsáveis quer políticos quer técnicos da área da saúde.

Basta ter em atenção este número. Para esta pandemia o Ministério da Saúde no seu dispositivo, disponibilizou 8 ambulâncias do INEM e três da Cruz Vermelha para este surto a nível Nacional, ignorando o maior parceiro dos serviços de pré hospitalar, os Bombeiros de Portugal.

Só por aqui, conseguimos ver o nosso grau de impreparação para esta pandemia.

Mas também devo dizer que se começámos mal, fomos graça a uma visão dinâmica do governo em especial do nosso Primeiro Ministro e do Ministro da Administração Interna, melhorando a nossa resposta ao ponto de sermos considerados um exemplo à escala mundial. Este facto é digno de registo.

Mas o maior registo vai para todos os Portugueses. Fomos nós com a nossa resiliência, com o nosso sacrifício e com o nosso esforço que conseguimos nesta fase controlar este surto que nos assolou.

Mas entre todos nós, existe sempre alguém que merecem destaque.

E deixem que vos fale dos utentes e colaboradores do Lar “Solar de Dona Maria”.

Uma primeira palavra para os familiares daqueles que neste espaço de tempo já não se encontram entre nós. Segundo sei (devido a depoimentos técnicos credíveis) nenhum destes utentes faleceu devido ao COVID-19. Mesmo assim fica aqui o meu sentido registo e uma palavra de conforto.

Depois, uma palavra para os utentes que até hoje resistem estoicamente a este vírus e a todos os colaboradores que aguentaram horas e horas a fio para o seu bem-estar e conforto com muito sacrifício pessoal, profissional e familiar.

Aos voluntários nomeadamente os Enfermeiros André Brás, Nelson Silva e Henrique Santos por dizerem “pronto” ao desafio colocado numa altura de necessidade máxima.

À “Albergaria Pinheiro” por ter disponibilizado as suas instalações gratuitamente aos profissionais de saúde.

À CEARTE e às suas alunas pela sua sensibilidade social e disponibilidade em ajudar.

À Catarina e Luís Dinis, aos meus colegas, aos Bombeiros de Alvaiázere que mais uma vez mostraram o quão grandes são.

À Presidente da CMA pela sensibilidade e coragem!

E se me esqueço de alguém desculpem… desculpem mesmo mas não foi por mal.

Mas tenho de destacar uma pessoa.

Muitos não conhecerão. Eu também não conhecia. Agora já conheço um Anjo!

No meio deste reboliço, deste medo generalizado, surge uma voz do outro lado do telefone, uma voz singela e cristalina a representar os seus 21 anos a perguntarme se podia ir ajudar a cuidar dos Idosos do Lar… de seu nome Selina Mendes.

Existem pessoas boas, muito boas, mas não como a Selina.

A Selina mora no Barqueiro, estuda enfermagem e é filha do Luís e da Elisabeth.

Depois de saber o que se passava no Lar “Solar de Dona Maria”, virou costas à vida que tinha e foi como voluntária ajudar a tratar e cuidar de todos os utentes do Lar, no meio do medo, do vírus e acima de tudo do desconhecido.

Falou comigo e perguntou-me se lhe arranjava equipamentos para ir ajudar quem mais precisava. Fiquei estupefacto. Quem era aquela menina que deixou a sua vida já que foi morar para um quarto da Albergaria Pinheiro para preservar a sua família, sem pedir nada em troca, 18 horas por dia? Um Anjo, só podia.

Confesso-vos que me faltam adjetivos para caracterizar a Selina.

Sei que este exemplo me vez ver que existem pessoas maravilhosas. Pessoas anónimas que tornam o mundo, o nosso mundo melhor e num bom sítio para viver.

Espero que um dia, os meus filhos, se tornem nas “Selinas “do futuro.

Se assim for, já darei por proveitosa a minha passagem por este Mundo!

Obrigado Selina!

E não se esqueçam… Fiquem em Casa!