Com sapatos gastos e alma lavada,
caminhaste entre os pobres e esquecidos,
levando no sorriso a bênção sem altar,
no abraço, o milagre sem véu:
a luz viva do teu coração.
Foste a voz que ecoou nas vielas,
onde a esperança se escondia
e a dor não sabia o próprio nome.
Choraste com o povo,
celebraste-lhe a fé,
foste farol que não se apaga,
porto seguro para todos.
Não quiseste torres de marfim,
nem honrarias, nem cetins,
mas fizeste do teu caminho
bálsamo para feridas antigas.
Foste apenas Francisco,
semeador de pontes
onde tantos erguem muros.
O rosto sereno de uma fé
que se ajoelha ao lado dos pobres,
que os chama não de fiéis,
mas de irmãos.
Pastor dos simples,
largaste a cruz dourada
para carregar, com eles, a cruz da vida.
E por isto, Francisco,
agora que regressaste ao pó primordial,
caminho de luz para o mundo invisível,
embalaremos o teu nome
ternamente
e eternamente.