O ano até corria bem. Os principais agentes políticos já esfregavam as mãos de contentes pois com os dados até ao início de Setembro, 2024 seria um dos anos com menor área ardida e seria motivo de aproveitamento político e até técnico.
Mas não correu assim. Bastou uma semana com temperaturas elevadas, baixos índices de humidade e ventos fortes para Portugal nomeadamente no Certo e Norte do Pais começar a arder.
Mais quatro Bombeiros perderam a sua vida numa batalha inglória, contra um inimigo fatal, onde o lema Vida por Vida foi levado ao expoente máximo. Mais quatro companheiros que nos deixam e são vítimas da incúria dos sucessivos governos e proprietários florestais. Em 2017 escrevia assim: “…O meu COMPANHEIRO Gonçalo de Castanheira já não está entre nós. Sucumbiu a salvar Vidas. Mais um dos meus companheiros que se vai. Quantos mais são precisos morrer para fazer alguma coisa? Quantas mais famílias terão de morrer para que se faça alguma coisa?
Estou farto de comissões políticas para isto e para aquilo. Estou farto de comissões técnicas que vão elaborar um relatório para explicar o que aconteceu… Estou farto!!!
É hora de fazer alguma coisa.
E a solução não é assim tão difícil. Basta haver coragem política e a solução pode estar ali, bem próxima. Que tal criar uma cooperativa florestal que faça a gestão dos povoamentos florestais nos concelhos com elevada área florestal, com uma visão empresarial, com uma estrutura profissional, em que os proprietários não perdem o direito de propriedade mas em que a gestão florestal e silvícola passe a ser feita pela cooperativa através de engenheiros florestais, engenheiros civis e de ambiente, gestores, equipas de sapadores apoiadas com maquinaria pesada, com o apoio do exercito, etc, etc e em que seriam criadas zonas de gestão de combustível com faixas de corta fogo com espécies mais resistentes às chamas. Onde seriam criados estradões florestais de acordo com a topografia do terreno e com condições técnicas que permitiriam um eficaz combate às chamas por parte dos Bombeiros, Onde o lucro dessa gestão seria distribuído em partes iguais ao das parcelas de terreno dos seus proprietários. Onde seriam efetuados serviços de limpeza de matas e onde tudo o que era daí extraído faria parte do resultado financeiro.
Deste modo não havia terrenos por limpar nem estradas por abrir. Todos receberiam em conformidade com a área dos terrenos que possuíam.
E não me digam que é difícil… Custa uma dúzia de votos? Até acho que não, mas possivelmente não custaria as vidas que os incêndios têm ceifado.
É difícil? Não, não é.”
Nada foi feito… Nada é feito.
E assim continuaremos
Honra e Glória aos Bombeiros de Portugal!