Felizmente acabou o verão. Dizem que é a estação maluca porque asneiras e outras ações estúpidas, nos vão moendo o miolo, levando-nos a súbitas manifestações de mau humor. Talvez seja tudo fruto do imenso calor que se faz sentir, mas os nossos governantes são particularmente afetados e abusam. Vou tentar explicar.
Chegaram os incêndios e com eles uma panóplia de comentadores, investigadores e outros peritos e, claro, os políticos. E todos têm receita para tudo! Mais aviões, mais bombeiros, penas agravadas para os incendiários, faixas de contenção, limpeza de terrenos, plantações em mosaico, plantação de árvores mais resilientes, arrancar os demoníacos eucaliptos, etc, etc. Aqui, acrescento eu, têm-se esquecido do maior problema futuro da nossa floresta: as acácias.
No dia dos incêndios, até ouvi uma autarca queixar-se que não tinha conseguido contactar a ministra! Seria para “meter uma cunha” ou para pedir perdão por pouco ter feito em termos de prevenção e deixado arder um dos ex-libris do seu concelho?
Agora, com as primeiras chuvas, já vi que algumas autarquias mandaram limpar as ervinhas das bordas das estradas e também vi que outras nem agora! Se mantiverem esta atitude, em caso de alguma enxurrada, com sargetas entupidas, valetas sujas, ribeiros obstruídos, vão culpar Santa Bárbara ou pedir ajuda a S. Cristóvão?
Armando ao pingarelho, proponho 3 medidas que podem ajudar na prevenção de incêndios. 1ª proibir que os nossos governantes (autarcas, ministros, presidente) visitem as áreas ardidas. Já viram a figura ridícula que fazem fingindo que veem/percebem qualquer coisa? Sim, devem visitar as áreas, todos os anos, antes de arderem e, assim, tomarem medidas, se necessárias.
2ª Os bombeiros, só excecionalmente, devem combater fogos no verão. Devem, obrigatoriamente, fazer queimadas de contenção e ajudar os proprietários a executar as suas. O fogo, creio, é a forma mais ecológica, rápida e barata de limpar terrenos. Com esta medida elimina-se, em 30%, a possibilidade de fogos por negligência.
3ª Os milhões gastos na aquisição de equipamentos de proteção e nas ajudas às áreas ardidas devem ser canalizados para o repovoamento do interior e ordenamento territorial. É preciso gente para cortar silvas, matos, ervas. Antigamente não havia um centésimo dos equipamentos, nem técnicos/peritos e os fogos eram poucos ou menos violentos porque havia gente que semeava, regava, cortava, limpava, queimava e plantava árvores. Aja dinheiro (subsídios diretos ou indiretos) para a fixação de gente e técnicos para ajudarem a tornar a floresta rentável.
Mudando de assunto, e para terminar a súbita manifestação de mau humor, desejo que não chova no Festival do Chícharo pois Alvaiázere merece.
Quanto aos fogos e más bebedeiras estamos seguros com a presença dos GNR.
Infinitamente mais barato e divertido que a citada banda teremos o 1º Torneio de Handgolf do Chícharo. E esta, hein?