PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

jose_batista

Politiquices

Finalmente, depois do espetáculo de hesitações, trocas e tricas políticas que mais parecia uma novela burlesca, parece que vamos ter Orçamento de Estado, essa obra-prima da burocracia em que o governo revela os seus planos para fazer maravilhas com o nosso dinheiro.

Primeiro, tivemos as hesitações. É fantástico ver políticos, durante semanas, fazer contas com as mesmas dúvidas existenciais que temos ao escolher entre comprar pão ou pagar a fatura da água.

No final, ninguém está satisfeito, mas pelo menos tivemos bom entretenimento.

Depois, temos as cativações, essa invenção brilhante de engenharia financeira. O governo promete mundos e fundos, mas, como um mágico, faz desaparecer boa parte do dinheiro com este simples truque. Um toque de genialidade para evitar se gaste tudo de uma vez. É como dar uma prenda a uma criança e depois dizer-lhe: “Não podes abrir já, é só para quando te portares bem… ou quando fores grande!”

Quanto ao inevitável esbanjamento, há quem diga que é um problema, mas se virmos bem, o dinheiro público não se esbanja, circula! Se não fosse assim, como justificávamos as rotundas que dão à terra do nunca, as autoestradas inacabadas ou os aeroportos sem aviões, como é o caso do de Beja? E não devemos esquecer os projetos megalómanos que acabam a servir de casa aos pombos. No nosso burgo, lembro-me de uma estrada que dificilmente chegará ao litoral, mas, reconheço, é um ótimo sítio para estacionar.

Finalmente, as prioridades. É aqui que o espetáculo ganha brilho! Quem precisa de mais habitação social, mais camas nos hospitais, melhor segurança ou melhores salários quando podemos investir em estádios de futebol, em subsídios para conferências sobre assuntos que ninguém entende ou em concertos altamente dispendiosos? As prioridades, meus amigos, são um jogo de bastidores onde, de vez em quando, se acerta.

Na dança orçamental somos todos figurantes num espetáculo anual, repetitivo, e, no fim, invariavelmente caro. Tão caro que, na minha modesta opinião, pela qualidade apresentada por alguns deputados, metade chegavam.

Atendendo que no próximo ano haverá eleições autárquicas conseguem imaginar como serão 308 orçamentos? Tanta promessa que irá ser (para rimar) cumprida à pressa!